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Manovacuometria: Avaliação dos músculos respiratórios em pediatria

A avaliação da força muscular respiratória (FMR) consiste em um método de grande importância para a fisioterapia respiratória, diferindo-se de um teste muscular convencional, pois, por meio desta avaliação, é possível investigar as condições da força e o desempenho mecânico dos músculos da respiração (Costa, 1999).


A manovacuometria é um método não invasivo e clinicamente útil, que pode ser efetuado com pacientes em ventilação espontânea, intubados ou traqueostomizados. A medida das pressões respiratórias máximas geradas durante o esforço de inspiração e expiração (PImáx e PEmáx) contra a via aérea ocluída, representa um procedimento para avaliação funcional dos músculos respiratórios. A PImáx é um índice que mede a força dos músculos inspiratórios (diafragma e intercostais externos), sendo um método indicativo da capacidade ventilatória, do desenvolvimento da insuficiência respiratória e determinante do volume corrente (VC). Já a PEmáx mede a força dos músculos expiratórios (abdominais e intercostais internos), é importante para o diagnóstico de doenças neuromusculares. A redução da PEmáx pode aumentar o volume residual e reduzir o pico de fluxo expiratório. Então é fundamental para a avaliação da tosse eficaz e consequentemente da capacidade de eliminar secreções de vias aéreas (ATS/ERS, 2002).


O paciente grave internado na unidade de terapia intensiva (UTI) possui vários fatores que colaboram para a perda real de endurance muscular, incluindo força muscular respiratória, a oferta nutricional inadequada, diminuição do suprimento de oxigênio, acidose metabólica, alterações endócrinas ou eletrolíticas, utilização de medicamentos como corticóides, sedativo e/ou bloqueadores neuromusculares e suporte ventilatório artificial (Fisioter Pesq, 2011). Na faixa etária pediátrica, ele pode ajudar no manejo e acompanhamento de doenças neuromusculares, doenças pulmonares, como asma e fibrose cística; além disto, é usado em programas de reabilitação e apresenta um papel importante no processo de desmame da ventilação mecânica (Rev. Paul Pediatr, 2015).


Neste contexto, Noizet O et al 2005, encontrou uma boa acurácia para o ponto de corte da PImáx que varia de ≤ -45 cmH2O e ≤ -50 cmH2O como preditor de sucesso da extubação em pediatria. Já de acordo com Silvia G, 2008, na população pediátrica a PImáx ≥ -50cmH2O é considerada fator de risco para falha de extubação. Szymankiewicz M et al 2005, encontraram em neonatos o ponto de corte para a PImáx ≤ -20 cmH2O nos pacientes que apresentaram sucesso da extubação, entretanto sem significância estatística. Já a PEmáx abaixo de 60 cm H2O é preditora de tosse ineficaz com tendência a retenção de secreção, porém pouca importância tem sido dado a esta informação, talvez por desconhecer que a PEmáx fornece informações á cerca da capacidade de defesa da via aérea e de exalação (Pulmão RJ, 2015). Para pacientes pediátricos em VPM tem-se optado pela execução do teste em 20 segundos de acordo com os protocolos de El-Katib MF et al 1996.


Diante do exposto, a avaliação da Pimáx é recomendado pela American Thoracic Society/European Respiratory Society com objetivo de identifica na prática clínica se o paciente está apto ao processo de desmame.

Referências:

  1. Costa D. Fisioterapia respiratória básica. São Paulo: Atheneu; 1999.

  2. ATS/ERS Statement on respiratory muscle testing. Am J Respir Crit Care Med, 2002;166:518-624.

  3. Fisioterapia e Pesquisa, São Paulo, v.18, n.1, p. 48-53, jan/mar. 2011.

  4. Gatiboni, Silvia Variabilidade dos índices ventilatórios preditores de sucesso de extubação em crianças submetidas à ventilação mecânica / Silvia Gatiboni. Porto Alegre: PUCRS; 2008.

  5. Noizet O, Leclerc F, Sadik A, Grandbastien B, Riou Y, Dorkenoo A, et al. Does taking endurance into account improve the prediction of weaning outcome in mechanically ventilated children? Crit Care 2005;9(6):798-807

  6. Szymankiewicz M, Vidyasagar D, Gadzinowski J. Predictors of successful extubation of preterm low-birth-weight infants with respiratory distress syndrome. Pediatr Crit Care Med 2005;6:44-9.

  7. Bessa EJC, Lopes AJ, Ru no R A importância da medida da força muscular respiratória na prática da pneumologia. Pulmão RJ 2015;24(1):37-41

  8. El-Khatib MF, Baumeister B, Smith PG, Chatburn RL, Blumer JL. Inspiratory pressure/maximal inspiratory pressure: does it predict successful extubation in critically ill infants and children? Intensive Care Med. 1996;22:264-8

Texto desenvolvido pela Dra. Carla Lima

Mestre em ciências da Reabilitação UNINOVE.

Especialista em fisioterapia hospitalar pelo Hospital São Cristóvão

Especialista em ventilação mecânica Hospital Nossa Senhora de Lourdes.

Fisioterapeuta da UTI Pediátrica do Hospital Alvorada.Docente do Curso de Especialização em Fisioterapia Intensiva Pediátrica e Neonatal - FABIC

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