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Técnica de insuflação seletiva para tratamento de atelectasia - TILA

Vamos abordar sobre uma técnica francesa que vem ganhando espaço na área da fisioterapia, porém ainda há poucos estudos mostrando a sua eficácia no tratamento de reversão da atelectasia.


A atelectasia ou colapso pulmonar é uma complicação respiratória decorrente da obstrução de um brônquio ou pulmão, seja por secreção ou aspiração de um corpo sólido, impedindo, dessa forma, a passagem do ar e levando à diminuição de alvéolos funcionantes. As principais etiologias de atelectasias pulmonares são: 1-Atelectasias de reabsorção, decorrentes da obstrução brônquica por plugs de secreção ou por corpo estranho na luz do brônquio; alterações da parede do brônquio (ex: edema da mucosa, inflamação, tumores ou espasmos da musculatura lisa); 2- Atelectasias de relaxamento ou compressão decorrentes da pressão local direta no parênquima pulmonar; 3- Tensão superficial do alvéolo alterada, decorrente da alteração no revestimento alveolar (déficit de surfactante); 4- Redução da elasticidade ou da complacência do parênquima pulmonar, que impossibilita a manutenção adequada das capacidades e volumes pulmonares.(1 ,2).


Segundo Cunha (2007), a radiografia torácica é um instrumento que ajuda no diagnostico de atelectasia. As alterações radiológicas indicam um colapso pulmonar total ou lobar são: deslocamento das fissuras, aumentando a densidade pulmonar, aglomerações dos vasos, desvio do mediastino para o mesmo lado acometido, deslocamento hilar; elevação do diafragma para lado afetado, costelas aproximadas e hiper -insuflação do pulmão contra lateral, vale ressaltar que essas alterações não são vistas necessariamente em todas as radiografias de tórax com diagnostico de atelectasia.


A literatura científica descreve uma técnica conhecida como TIRA/TILA, que é usada para reverter atelectasias. A intervenção consiste em tomar todo tecido do pulmão saudável para uma posição de exalação e mantendo- o através do bloqueio torácico, deixando apenas a área de atelectasia livre, associado ao uso da Ventilação mecânica invasiva ou não invasiva com Pressão positiva. Esta pressão positiva produz aumento da oxigenação, pois promove a reexpansão de áreas colapsadas aumenta a pressão intrapulmonar e aumenta as superfícies de troca de gás, promove melhora da relação V / Q, e diminui o trabalho de respiração. (4)


Duncan [7] relata o caso de três adultos com atelectasia tratados com CPAP nasal simples de 24 a 72 horas até a reversão do colapso enquanto a TILA pode promover a reversão da atelectasia com 3 series de 5 minutos em muitos casos. Em muitos casos tanto na prática quanto na literatura se busca a reversão do colapso por meio da técnica da aspiração seletiva que pode trazer inúmeros efeitos adversos como dessaturação e descompensação do quadro do paciente.(1)


As contra indicações da TILA são a Enterocolite necrosante, extremo baixo peso e RNPT antes de 72 horas do nascimento. É importante não utilizar o TILA se a ventilação mecânica é volumétrica. Dificilmente ocorrem efeitos adversos, a criança/paciente pode apresentar queda da saturação e /ou bradicardia transitória, com uso da técnica, porém esses parâmetros retorna em segundos e o fisioterapeuta pode reiniciar o tratamento, se necessário.


O modo de executar a técnica é bloquear as áreas pulmonares saudáveis manualmente durante a expiração, mantendo se esse bloqueio durante os ciclos subsequentes, enquanto a zona comprometida é deixada livre e sem apoio manual torácico (figura 1). Em suma fazemos um bloqueio torácico no lado sadio, associado à pressão positiva, propondo 3 séries de 5 minutos de bloqueio. Na pratica clinica observa se que a partir da 2ª ou 3ª série de 5 minutos de bloqueio torácico contra lateral acometimento, associando coma pressão positiva, seja de forma invasiva ou não, ocorre aumento significativo na saturação e na ausculta pulmonar.


Figura1. A radiografia torácica: atelectasia lóbulo superior direito. Vermelho: territórios pulmonares saudáveis bloqueadas.(Herry 2007)


Segundo o estudo prospectivo de Herry (2007), com índice de confiança de 95%,constatou a eficiência da técnica de insuflação relativamente nova para o tratamento da atelectasia, em francês ¨TILA – Technique Insufflatoire de Levée d`Atelectasie¨ , que obteve 93,13% de sucesso (IC95%[69,8 à 99,8%]) e cuja meta foi a insuflação seletiva da área atelectasiada. Ele teve uma amostra de 16 RNPT com uma media de 10 dias, com objetivo de avaliar a eficácia da técnica, foi usado como variável o Raio X antes e despois da técnica e teve o resultado de 15 reversões da atelectasia das 16 crianças, com isso demonstra que essa técnica é bastante eficaz na reversão da atelectasia .


Há um Relato de Caso de (Carnevalli Pereira 2015), que teve como amostra um paciente do sexo masculino, com 4 anos de idade que havia internado com diagnostico de pneumonia lobar, derrame pleural e atelectasia pulmonar direita. O tratamento consistiu em 16 sessões de antibióticos e fisioterapia, utilizando a técnica TILA. Foram realizadas duas sessões de fisioterapia diariamente (8 dias) com duração de 20 minutos e foram fraccionadas em 4 sessões de 5 minutos cada. Cada serie de bloqueio torácico bilateral foi realizada por 5 minutos com 20 segundos de pausa. Associada ao bloqueio torácico, foi utilizada uma pressão positiva contínua das vias áreas com máscara de CPAP 6 cmH2O. Neste estudo de caso a técnica TILA foi efetiva na reversão da atelectasia.

Figura 2. Atelectasia do lobo superior direito antes de TILA.


Figura 3. Após TILA resolução total de atelectasia. (Herry 2007)


A técnica tem se mostrado eficiente e segura porém há necessidade de mais estudos para fundamentá-la definitivamente.


Referências:

1. Luciana carnevalli pereira , Evelim Leal de Freitas Dantas Gomes. Aplicação da pressao possitiva continua na via aerea CPAP como exercicio respiratorio na reversão da atelectasia. fisioterapia brasil. 2014 agosto; 15.

2. JOHNSTON C, CARVALHO WBD. ATELECTASIAS EM PEDIATRIA:MECANISMO,DIAGNOSTICO E TRATAMENTO. REVISTA DA ASSOCIÇÃO MEDICA BRASILEIRA. 2008; 54.

3. CLEIZE SILVEIRA CUNHA RVT. ATUAÇAO DA FISIOTERAPIA NA REVERSÃO DA ATELECTASIA. REVISTA CIENTIFICA DO CENTRO UNIVERSITARIO DE VOLTA REDONDA. 2007.

4. STEVEN R.DUCAN M.D. RSNMDGMMD. NASAL CONTINUOWS POSITIVE AIRWARY PRESSURE IN ATELECTASIS. ELSEVIER. 1987 OCTOBER; 92(4).

5. HERRY S. Technique Insufflatoire de Levée d’Atélectasie. KINESITHER. 2007; 65.

6. Luciana Carnevalli Pereira et al. THORACIC BLOCK TECHNIQUE ASSOCIATED WITH POSITIVE END- EXPIRATORY PRESSURE IN REVERSING ATELECTASIS. HINDAWI. 2015 MARCH;(LARRY A RHODES).

7.Edlaine Aparecida Ribeiro de Oliveira e Evelim L F D Gomes. Evidência científica das técnicas atuais e convencionais. Fisioterapia Brasil. 2016; 17


Texto escrito pela Dra. Katia Roseo

- Fisioterapeuta

- Aluna da pós-graduação em Fisioterapia Intensiva Pediátrica e Neonatal - FABIC

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